quarta-feira, 3 de março de 2010

The Rainbow...


Eu quero voar, voar bem alto, atingir o arco-íris, sentir, tocar todas as cores, cheira-las… Quero abraçar todos os sonhos, os antigos, os novos, os possíveis e os idílicos, sentir-me viva, sentir-me EU…

Ando um pouco esquecida de viver, de sonhar, de sorrir, na verdade, não ando de facto esquecida, mas envolvida em muitas questões sérias, que não me dão muito espaço para “viver”, é obvio que as questões sérias fazem e devem fazer parte da nossa vida, mas não posso deixar que isso contagie a minha alegria de viver.

Conhecem aquela sensação de estarmos fartos de nos ouvir a resmungar, a suspirar pelos cantos, irritados com tudo e todos… Que treta!!!
Não conheço este “Ser” aborrecido e cinzento que se encostou a mim, vou sacudi-lo para outro planeta, talvez Saturno ou Neptuno, porque eu sou da Terra e às vezes de Vénus e Marte, sinto falta de rir sem parar, não pensar no amanhã e simplesmente desfrutar o hoje, dançar até cair e apenas preocupar-me com nada, com ninguém…

Crescer, amadurecer é duro, todas as responsabilidades, o certo, o errado, abdicar da doce inocência, que a vida arranca dos nossos braços sem pré-avisos, tenho saudades de quando podia andar de olhos no céu sem medo de tropeçar, deixar-me levar pela brisa, sem receio de me perder, agora tenho que ponderar, questionar, analisar… é aborrecido, muito impertinente!!!

Ando à muito tempo a dissecar tudo que compõe a minha existência e cheguei a algumas conclusões, na verdade imensas, mudei, atingi um certo “Nirvana” de consciencialização pessoal, isso provoca mudanças, altera a nossa perspectiva do “eu”, do mundo, das nossas escolhas, valores, crenças, das nossas prioridades e no inicio não é bonito, não é fácil, exige uma transmutação que levanta ventos, remoinhos e coloca tudo de pernas para o ar, depois há que arrumar a “casa”, o “sótão” e o pior ou talvez o melhor, sinceramente não sei, ninguém nos pode ajudar, é uma tarefa solitária, espero que no fim seja gratificante!

Agora estou mais calma, mais lúcida, menos ansiosa e com isso já vejo o plano dum arco-íris, de um sorriso aberto e sincero, começo a reconhecer pouco a pouco o esboço da imagem reflectida no espelho e penso, esta sou eu, mais madura, consciente, humilde, perseverante, tolerante, real, mais verdadeira… Sinto que emergi de um plano imaginário e conquistei uma fusão de vários alter-egos que viviam em mim, em planos divergentes, distantes, que agora são apenas um, uma comunidade aberta, onde todos têm um espaço, um tempo, um lugar, sem tretas, sem mascaras, sem filtros…

Ainda estou a acertar ponteiros, estou bem no início e existem ainda muitos dias que tenho medo, de sentir, de me mostrar, de falar, de ouvir, de acordar…

Ainda existem muitos dias que não reconheço a imagem reflectida no espelho, que me debato com as palavras, com as lágrimas, comigo, que me sinto muito só e até mesmo perdida, não é fácil olhar para dentro e ver à lupa o nosso ego, tentar reconhecer e superar as nossas falhas, as dificuldades que estão cristalizadas em nós, assumir os receios, afastar-me do supérfluo, dos prazeres imediatos e mundanos, abandonar o orgulho, baixar as armas e ser simples, transparente, desprezar o que não é meu, o que apenas é, um aglomerado de lérias que acumulamos através da socialização, lixo que polui a nossa essência e acaba por conspurcar a nossa existência, eu sei que sempre odiei ser uma Bitch, a Miss Ice, mas era cool, divertido, mas para agradar a quem?!

A mim não era decerto, pois não faz parte da minha essência, era uma protecção contra quem?! Contra mim!... Era um medo secreto de sentir e viver, de me mostrar e sofrer, acumulei débitos comigo, com todos a quem iludi, pessoas que pensavam me conhecer e agora olham e dizem “ Não te reconheço…, está tudo bem?..., estás triste, tu choras?... Tens problemas?!!” e talvez pensem: És humana?!

Já não sou sempre tão divertida, cool, disponível, apelativa, mas agora sou mais autêntica, deixei a versão comercial e sou mais exclusiva, mas continuo irreverente, idealista, optimista, mas numa versão bem mais humana.

As minhas verdades libertam-me dia após dia, sinto-me mais leve e sem dúvida muito mais livre, deixar cair a capa revelou-se intenso, mas estranhamente revelador e positivo.

Por consequência, agora só me resta desfrutar, sentir, viver… :) !!!

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